O Crime do Poço (1948)
Em 1948, na Rua Santo Antônio, 104, quase na esquina da Avenida Nove de Julho, em São Paulo, ocorreu um crime que chocou a cidade. Paulo Ferreira de Camargo, um jovem químico e professor assistente da Universidade de São Paulo, assassinou sua mãe, Benedita, e suas duas irmãs, Maria Antonieta e Cordélia. Ele escondeu os corpos em um poço que havia mandado construir no quintal de sua casa. Quando a polícia começou a escavar o poço, Paulo pediu para ir ao banheiro e cometeu suicídio com um tiro no coração.
Apesar das especulações, o verdadeiro motivo dos assassinatos nunca foi descoberto. Cogitou-se a hipótese de que ele estaria tendo um relacionamento com uma mulher que a família não aprovava ou que teria matado a mãe e as irmãs porque estavam gravemente doentes. Um dos bombeiros que participou do resgate dos corpos morreu de infecção cadavérica ao manusear os cadáveres sem a proteção de luvas.
O Edifício Joelma
Anos depois, o terreno foi adquirido para a construção de um novo edifício. Concluído em 1971, o Edifício Joelma foi imediatamente alugado ao Banco Crefisul de Investimentos. Com 25 andares, o prédio era considerado moderno para a época. No entanto, o passado sombrio do terreno parecia lançar uma sombra sobre a nova construção.
Em 1º de fevereiro de 1974, às 8h45, um curto-circuito em um aparelho de ar-condicionado no 12º andar deu início a um incêndio devastador. As chamas se espalharam rapidamente pelos andares superiores, alimentadas por materiais inflamáveis como divisórias de madeira, carpetes e cortinas. Em poucos minutos, o fogo consumiu grande parte do edifício.
Dos aproximadamente 756 ocupantes do edifício, 187 morreram e mais de 300 ficaram feridos. Muitas vítimas foram encontradas carbonizadas nas escadas e elevadores, enquanto outras morreram ao tentar escapar pelas janelas. A tragédia do Joelma é considerada uma das maiores do Brasil em número de vítimas fatais.
Dizem que durante o incêndio, treze pessoas tentaram escapar por um elevador, mas não foram bem-sucedidas. Seus corpos, não identificados, foram enterrados lado a lado no Cemitério São Pedro, na Vila Alpina. O fato acabou inspirando o chamado “Mistério das Treze Almas”, às quais são atribuídos diversos milagres. Funcionários que já trabalharam no edifício revelam terem presenciado aparições de espíritos, ouvido gritos e vozes, além de terem visto fenômenos estranhos.
Muitos sobreviventes relataram experiências traumáticas durante o incêndio. Uma mulher de 24 anos, que estava no quarto andar com sua família, contou que o fogo estava vindo de cima para baixo e que o cheiro de borracha queimada era insuportável. Das seis pessoas de sua família, apenas ela sobreviveu.
Outro sobrevivente, Mauro Ligere, então com 23 anos, estava no 22º andar quando ouviu as janelas estourarem e as pessoas gritarem “desce, tá pegando fogo”. Em menos de três minutos, o fogo subiu quase dez andares e estava chegando onde estavam.
Após a tragédia, surgiram diversas lendas e histórias sobrenaturais envolvendo o Edifício Joelma. Relatos de aparições, vozes e fenômenos inexplicáveis alimentaram a fama de que o local seria mal-assombrado. A lenda das Treze Almas tornou-se uma das mais conhecidas, com pessoas atribuindo milagres às vítimas não identificadas do incêndio.
O Edifício Joelma, marcado por tragédias e mistérios, continua a ser um símbolo de dor e lembrança na cidade de São Paulo. Apesar das reformas e mudanças de nome, o passado sombrio do local permanece vivo na memória coletiva e nas lendas que o cercam.
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